terça-feira, 30 de outubro de 2012

same mistakes


A maior ironia da vida é como as lembranças permanecem em nossa memória. As ruins sempre perdem sua força conforme o tempo segue, mas as boas não. As boas permanecem dando o mesmo frio na barriga como se estivessem frescas na memória, independente do tempo que se passou. É irônico porque dizemos que os momentos bons não serão esquecidos, como se tivéssemos escolha, quando na verdade não serão esquecidos pela nossa própria natureza. Talvez então isso seja justamente um boicote da vida contra ela mesma. Não aprendemos com as experiências boas, elas são apenas consequências do que as ruins nos ensinaram. Sendo assim, como tirar aprendizado de experiências já esquecidas ou amenizadas, enquanto as boas, aquelas que nos levaram justamente ao erro, ainda se mantém latente na memória?
É difícil ser bom o tempo todo. É difícil porque quando a vida te soca a cara, a vontade é socar de volta. É difícil porque certas pessoas e situações nos instigam sempre a seguir pelo caminho errado. Aquele com lobo mal e falsos atalhos. Aquele que toda mãe recomendaria nunca seguir. E seguimos porque a esperança de que o caminho esteja diferente nos cega. A esperança de que o fim da estrada traga o pote de ouro é irresistível demais para ser abandonada. E por mais que aquele caminho já tenha sido percorrido inúmeras vezes e sempre tenha terminado num enorme e inescalável muro de tijolos, a nossa memória fraca das experiências ruins, faz com que pensemos que não fora tão ruim assim, e então a dor de bater o nariz na parede mais uma vez dói como se tivesse sido a primeira.
Não há maior sensação de fracasso do que ver o mesmo erro sendo cometido outra, outra, outra e outra vez. É vergonhoso, é triste, é deprimente e é humano. Mas quem quer ser humano na hora da dor? Porque não se pode virar super herói enquanto a vida bate forte? As verdadeiras grandes responsabilidades não são destinadas aos super heróis, elas são jogadas em colos humanos sempre fadados ao fracasso, ao erro, a vergonha de si mesmo e a todas as tentativas que esse mesmo se permitir.
Ser herói é fácil, gozar de toda a glória da perfeição sem esforços não é o que eu chamaria de responsabilidade. Difícil é ser humano, é nascer com inúmeros defeitos e saber que se morre com muito mais.

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